Dias comuns - Capítulo I - O ínicio
- Meew
- 24 de ago. de 2016
- 2 min de leitura
O cheiro do cigarro é forte, a fumaça passa pelas gretas da parede de madeira, ela vem do quarto de um dos adultos da casa, é uma casa velha que um dos familiares herdará dos antigos da família, o relógio está fazendo o seu ''TIC-TAC'', às vezes me pergunto se suas pilhas nunca acabam, pois raramente vi alguém trocar as pilhas desse negócio.
A noite está silenciosa, não tanto quanto eu gostaria mas, está boa para descansar. Às vezes ouço o uivo dos cachorros presos em seus... Lares? Talvez isso não seja chamado de lar, eles estão presos por isso choram, não é? A quem eu quero enganar? Nada diferente de mim em estar preso mas, meu choro já não existe depois de tudo, meu eu se perdeu em algum lugar desse mundo, dessa cidade, e até mesmo, do meu próprio lar.

Meus pensamentos fluem profundamente a noite, até a hora em que adormeço e me lembre apenas de um sonho, o sonho que tenho durante muitas noites, e que sempre me dão medo. A última vez que tive esse sonho era um domingo, eles gritavam comigo, falavam coisas horríveis, eles diziam que me odiavam e que não iriam desistir, eu gritava por ajuda, tentando escapar deles mas ninguém me ouvia, eles me conhecem de alguma forma e querem que eu sofra, eles querem-me ver arruinado em meio a tudo e a todos.
Quem são eles? Eu não faço ideia, tentei descobrir inúmeras vezes e de diversas formas, nunca soube se quer uma pista. O único que sabe sobre meus sonhos estranhos é o Dr. Morgan e que por esse motivo me faz tomar alguns remédios e calmantes, não quer dizer que eu o obedeça e tome aquelas drogas.
Estava prestes a pegar no sono depois de pensar tanto, quando o ruído das paredes rangendo me fez despertar, levantei-me da cama e andei até a cozinha com passos silenciosos, enquanto estava pegando um copo para beber água avistei uma sombra com olhos brilhantes olhando fixamente pra mim, era como se eu soubesse que aquela sombra queria algo mas a ignorei. Peguei o copo de água e me dirigi para meu quarto, deite-me na cama e comecei a pegar no sono, e, eles estavam novamente lá, dessa vez era uma multidão enfurecida, haviam correntes sendo arrastadas e alguém sussurrando coisas terríveis, eles me torturavam mas não eu conseguia ver seus rostos, eu gritei, fiquei desesperado, eu corria mas não via saída, eu estava lá com eles novamente, perdido.
Na manhã seguinte acordo sentindo fortes dores de cabeça, era como se eu tivesse bebido uma quantidade grande de bebida alcoólica, me sinto com medo do escuro mesmo dormindo nela, a lembrança de um pesadelo me é vaga, mas sei que aconteceu algo, não como se alguém tivesse entrado pela minha janela e com vontade de tirar a minha vida mas sim uma sensação de que alguém ainda estava ali me observando e querendo o meu pior, eu não vou me abater novamente, vou deixar que os dias passem vivendo-os como sempre fiz.
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